NÍVIA MARIA VASCONCELLOS
Nívia Maria Vasconcellos é artista da palavra, atuando como poeta, ficcionista, letrista e declamadora.
Como declamadora, foi integrante do grupo de declamação OsBocasDo Inferno (UEFS-BA, 1999-2009), do projeto literomusical ALMA (2013) e do grupo literomusical NMV e os oHmeros (2010-2013). Foi premiada pelo Festival de Declamação Antônio de Castro Alves, em 2002, falando o poema “Navio Negreiro”, em 2012, falando o poema “O livro e a América”, e, em 2013, falando o poema “Ahasverus e o Gênio”, em Cabaceiras do Paraguaçu-BA. Atualmente, participa do projeto Mousikê (2013-atual), no qual continua a entrelaçar música e poesia, colocando a palavra cantada e falada em evidência.
Enquanto letrista, foi premiada também pelo Festival Metropolitano de Música Vozes da Terra em 2007, com a música “Soneto que não queria existir” e, em 2013, com a música “Tu és minha alma”, em Feira de Santana-BA, e lançou o álbum literomusical “A Vênus de Willendorf” (2019) com o grupo Mousikê.
Como poeta e ficcionista, foi contemplada com o Prêmio de Literatura da CDL de 2008-FSA, que publicou seu livro “Escondedouro do amor e outros versos sob a espera”, com o Selo João Ubaldo Ribeiro Ano II/FGM-SS, que publicou “A paixão dos suicidas” (novela, 2019) e com o Prêmio Jorge Portugal, por meio do qual lançou “Cãibra de Nó” (poesia, 2021, editora Sapatilhas de Arame). É autora também dos livros “Invisibilidade” (poesia, MAC, 2001), “Para não suicidar” (contos, 1ª ed. Littera, 2006, 2ª ed. Mondrongo, 2015) e “A Morte da Amada e Outros Poemas Rasgados” (poesia, Mondrongo, 2013).
Além disso, tem poemas publicados nas coletâneas ‘Prêmio Off Flip” (Selo Off Flip-RJ) e “Poetas baianas/Women poets from Bahia” e nas antologias “Arcos de Mercúrio” (DiaboA4), “Sétimo Aeon” (Baile Surrealista), “Cantares de Arrumação” (Mondrongo), “Tudo no mínimo” (Mondrongo), “Estranha Beleza” (Mondrongo), “Antifascistas” (Mondrongo) e organizou a coletânea de poetas “Descuidosa de sua beleza” (Mondrongo). Em 2020, foi jurada do Prêmio Literário Biblioteca Nacional - Alphonsus de Guimaraens – categoria poesia e faz parte do conselho editorial da revista nacional “Poesia Sempre”.
Academicamente, é doutora em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestra em Literatura e Diversidade Cultural, especialista em Estudos Literários e formada em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
VASCONCELLOS, Nívia Maria. Cãibra de Nó. Editora Sapatilhas de Arame: Maceió, 2021.
Desencanto
Era essa dor o que nos esperava?
Essa tontura que nos tira do chão,
mas não nos faz voar? Esse mal
que não se apieda de nós nem
do outro sempre e sempre?
Essa animosidade, esse suplício
que nos aguardava, era isso?
Toda essa irritação e zanga
sem a possibilidade da fuga,
essa faca afiada só lâmina
do discurso que prega a secura?
Era? Era essa a justiça prometida,
fraturando osso por osso
do poema contra a guerra? Era.
A Vênus de Willendorf
Meu corpo nu é
a Vênus de Willendorf,
são seus peitos e barriga.
Sobretudo, meu corpo nu,
esculpido e exposto,
são suas genitais e umbigo.
Meu corpo nu é
a mulher de Willendorf:
escultura de tempo,
gesto ancestral,
paleolítico,
volumoso e fértil.
Meu corpo nu é,
no fim de tudo,
apenas mais um corpo nu
(natural)
no museu da história.
Soma
Sem cabeça, tronco ou membros,
seu corpo político vegeta
sobre o palanque absurdo.
Organismo vivo,
seu corpo político é potência
sem movimento.
Contraproducente,
seu corpo político é feito
de ideologias e labirintos.
Os negócios do Estado
querem corroer meu corpo político
impor sobre mim formas e temas.
Querem governar a libido,
orientar interesses,
obstar a ágora.
Seu corpo político
quer impedir
meu corpo político
de ser corpo e político.
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Página publicada em julho de 2021
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